A Bruxa: Lua de Sangue (2025)

May 25, 2025

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The Witch: Blood Moon (2025): Um Feitiço de Sangue, Silêncio e Redenção Sob a Lua Carmesim

Quando a lua sangra no céu e as florestas sussurram em línguas esquecidas, o horror já não precisa gritar para ser sentido. The Witch: Blood Moon (2025) é mais do que um conto de bruxaria — é um mergulho febril e hipnótico na culpa ancestral, no poder feminino reprimido e nos pactos selados entre as sombras.

Dirigido com mãos firmes por uma cineasta ainda envolta em mistério, o filme nos oferece uma experiência visual e emocional que se arrasta como fumaça e queima como sal em ferida aberta. É um ritual narrativo que mistura paganismo, violência, erotismo e uma estranha e melancólica busca por redenção. Aqui, cada árvore parece esconder um segredo, cada silêncio ecoa com a dor de séculos, e o medo não vem dos monstros — mas do que eles revelam dentro de nós.

Resumo da Trama
No vilarejo isolado de Alms Hollow, marcado por lendas antigas e desaparecimentos inexplicáveis, o surgimento de uma lua de sangue coincide com o retorno de Helena, uma jovem que havia sumido anos antes sob circunstâncias estranhas. Ela reaparece silenciosa, coberta de cicatrizes e com olhos que não pertencem mais ao mundo dos vivos.

Enquanto a vila mergulha em paranoia e rituais desesperados para conter o que acreditam ser uma maldição, eventos sobrenaturais começam a se intensificar: crianças que falam com os mortos, animais que sangram por dentro, e sonhos coletivos que anunciam o renascimento de uma bruxa executada séculos atrás.

Mas Helena não voltou como vítima. Ela é o fio condutor de uma força que não quer apenas vingança — quer equilíbrio. E para isso, precisará atravessar memórias que não são apenas suas, enfrentando os ancestrais, o medo coletivo, e o próprio ventre da floresta onde tudo começou.

Análise Artística
Esteticamente, o filme é um deslumbramento inquietante. Filmado inteiramente em locações naturais da Romênia e da Escócia, cada plano é carregado de um peso atmosférico quase palpável. A paleta cromática é dominada por tons de ferrugem, verde musgo e negro abissal — como se a própria terra sangrasse sob nossos pés.

A direção de arte mistura o antigo com o onírico. Capelas em ruínas, túmulos com inscrições esquecidas e florestas que parecem respirar compõem o cenário perfeito para o desdobramento desse feitiço visual. A fotografia é de uma beleza brutal, alternando entre planos intimistas de corpos feridos e tomadas amplas que transformam a natureza em uma personagem viva.

O som é usado como uma entidade à parte. Há momentos em que o silêncio pesa mais do que qualquer trilha sonora. E quando a música surge — composta com instrumentos tribais, gemidos distorcidos e harmonias dissonantes — ela não guia a emoção: ela a convoca.

Atuações
A atriz brasileira Mariana Nogueira, em ascensão meteórica em Hollywood, entrega uma Helena hipnótica. Ela fala pouco, mas sua presença física é uma força ritualística. Sua transformação ao longo do filme é visceral, não apenas visual — seus olhos carregam mais narrativa do que qualquer monólogo.

No elenco coadjuvante, destaca-se Elias Rowe como o padre Enoch, um homem dilacerado entre fé e pavor. Sua atuação traz camadas de culpa, orgulho e desespero, num personagem que personifica o colapso moral de uma comunidade inteira. Também chama atenção a jovem atriz Yara Liddel, interpretando a menina cega que ouve a floresta — sua inocência cortante é um dos pilares emocionais do filme.

Carga Emocional
O impacto emocional de The Witch: Blood Moon não está nas mortes — embora elas sejam intensas — mas nas escolhas. O filme lida com culpa herdada, com os silêncios forçados das mulheres de gerações passadas, com a dor que é transmitida como maldição. É sobre o que a sociedade decide esquecer… e o preço por isso.

Há momentos de pura delicadeza dentro do terror. Como quando Helena observa uma flor crescendo sobre um túmulo, ou quando acaricia uma cicatriz como se fosse uma joia. A dor aqui não é apenas sofrimento — é identidade, é legado, é resistência. O espectador se vê obrigado a sentir o desconforto do ritual, mas também a beleza estranha que ele revela.

Tom e Ritmo
O tom do filme é profundamente cerimonial. Cada cena parece fazer parte de um ritual maior, com pausas, silêncios e transições lentas que criam uma sensação de transe. Não é um filme que grita — é um sussurro que vai se tornando grito dentro do espectador.

O ritmo é deliberadamente lento, como os passos de uma processão noturna. Mas nunca entediante. Pelo contrário: a tensão cresce de forma orgânica, alimentada por olhares, ventos, sussurros. Quando a violência explode, é como se fosse a consequência natural de tudo que veio antes — e ela atinge com força simbólica, não apenas gráfica.

Conclusão Final
The Witch: Blood Moon (2025) é uma obra hipnótica, desconcertante e lindamente feroz. Não é um terror para entreter. É um ritual audiovisual que exige entrega, que desafia moralidades fáceis, que provoca reflexão e incômodo — e nesse incômodo, revela sua beleza.

É cinema como feitiçaria: com camadas, com mistério, com dor e revelação. É sobre os ecos do passado em nossos corpos. É sobre a força da mulher silenciada e o retorno inevitável do que foi enterrado à força.

Em tempos de histórias descartáveis, The Witch: Blood Moon se ergue como uma invocação cinematográfica que ecoará por muito tempo depois da última cena. A lua sangrou… e com ela, o cinema renasceu em carne viva.